O que fazer em casa durante a quarentena é um questionamento que muitas pessoas tem feito neste momento no qual não há parques, shoppings, show, restaurantes, bares e outros locais abertos para diversão.

Mas algumas outras práticas podem surgir para auxiliar a mente a se manter ativa e ainda podem contribuir para uma alimentação mais saudável e na economia doméstica.

Uma delas é utilizar o tempo em família para cultivar uma horta própria, que pode ser instalada em espaços de qualquer tamanho. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo oferece dicas e informações para quem quiser se aventurar nessa área.

Aproveite o momento, aprenda como produzir um alimento, ensine os seus a valorizarem o trabalho do produtor rural e tenha o prazer e a saúde ao alcance de suas mãos!

“O cultivo de hortaliças, hoje em dia, vem ganhando cada vez mais a atenção e a adesão das pessoas que buscam a satisfação de cultivar e colher o seu próprio alimento, contribuindo assim para um estilo de vida mais saudável”, diz o engenheiro agrônomo da Divisão de Extensão Rural da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), Osmar Mosca.

A horticultura pode ser feita em pequenos vasos, jardineiras e canteiros de uma casa (ou até mesmo de um apartamento) até em escala comercial, quando se tratar de uma propriedade rural. 

O primeiro passo no cultivo de hortaliças é preparar bem a terra, de maneira que ela se mantenha bem arejada, adubada, com bom teor de matéria orgânica, descompactada, em grumos soltos e fáceis de revolver. Para a adubação da terra, em nível doméstico, pode-se utilizar farinha de casca de ovos (pode ser feita em casa, moendo a casca de ovo seca), farinha de ossos, torta de mamona, fosfato natural de rocha (que podem ser adquiridos em lojas agropecuárias), húmus de minhoca, cinzas de fogão ou forno à lenha, calcário, pó de conchas e composto orgânico, entre outros insumos de origem natural.

No caso de cultivo em canteiros, é necessário também que a superfície de cultivo esteja nivelada para não escorrerem as águas da chuva e das regas. Isso tudo promoverá uma boa germinação das sementes e um crescimento satisfatório das plantas, tendo em vista um bom desenvolvimento de suas raízes. Com o terreno pronto, é hora de pensar em semear ou então transplantar as mudas de hortaliças, as quais poderão ser produzidas em bandejas de isopor, em embalagens plásticas, embalagens reaproveitáveis de sucos (néctares) e de leite (entre outras), ou até mesmo no próprio canteiro, numa pequena área reservada, que será a sementeira, cuja função é oferecer às sementes as condições necessárias para a germinação e o desenvolvimento inicial das plantas. As plântulas (plantas recém-germinadas), cultivadas na sementeira por algumas semanas, serão posteriormente transplantadas para o local de cultivo definitivo, de acordo com as recomendações (porte e espaçamento) para cada espécie.

Na sementeira devemos ter um cuidado ainda maior do que em todo o canteiro, peneirando a terra, retirando os torrões e protegendo-a da ação direta do sol e da chuva. Para isso, pode-se utilizar, por exemplo, uma cobertura com sombrite ou então alguma outra cobertura disponível, tal como aparas de gramas dispostas diretamente sobre a terra etc. Lembrar sempre que a ação direta do sol sobre a superfície do solo provoca o seu ressecamento e esterilização; já o impacto direto da chuva acarreta uma compactação na superfície do solo, dificultando a emergência das plantas. Numa escala maior de cultivo, há a desestruturação do solo e sua predisposição ao processo da erosão. Nessa pequena parte do canteiro (a sementeira), pode-se semear alface, almeirão, chicória, couves diversas, entre outras espécies de hortaliças (aquelas que requerem transplante posterior).

Recomenda-se semear pequena quantidade de cada vez, a fim de não desperdiçar e também para que se tenha uma ideia do total de mudas que haverá dali algumas semanas. A tendência normal é lançar muitas sementes e depois não ter espaço para plantar as mudas. Utilizando-se sementes em demasia, as mudinhas vão crescendo muito juntas umas das outras, o que compromete o seu desenvolvimento, podendo até mesmo ocasionar doenças e, também, dificultar o transplante.

Caso tenha um espaço maior, as bandejas de isopor são de grande auxílio e se optar por elas há aquelas que têm células maiores, destinadas para tomate, pimentão, pepino, berinjela (plantas maiores) e outra com células menores e, em maior número, destinada para as verduras em geral, como por exemplo, alface, chicória, almeirão, entre outras. Nas bandejas, pode-se semear um número mais exato de plantas que se deseja produzir para um determinado período de tempo e de acordo com o espaço disponível para plantio nos canteiros.

As mudas produzidas em bandejas, ao serem transplantadas, são mais facilmente adaptadas ao novo local devido à preservação por completo da integridade do seu sistema radicular. Isso representa uma grande vantagem em relação ao transplante a partir das sementeiras, situação em que se dá um maior estresse por conta do rompimento de suas raízes. Nas células das bandejas em que se deseja semear, deverá ser colocado um substrato composto por terra vegetal produzida na propriedade (a partir, por exemplo, da compostagem) ou então adquirido nas agropecuárias. No caso de se optar por fazer a mistura, será preciso uma medida de húmus de minhoca juntando-se a ela uma medida de terra peneirada e uma medida de composto orgânico peneirado.

Caso não haja um desses componentes, pode-se utilizar uma medida de terra somando-se a ela uma medida de composto orgânico peneirado (ou outra fonte de matéria orgânica peneirada). Após o preenchimento das células da bandeja com o substrato, pode-se proceder a uma leve compactação com a palma da mão e, em seguida, com a ponta do dedo, um graveto, ou um lápis fazer um pequeno buraquinho onde será colocada a semente. Cada célula da bandeja deverá receber de uma a três sementes da hortaliça que se deseja produzir, podendo semear vários tipos numa mesma bandeja. A quantidade de sementes por célula depende do vigor e do tamanho da semente.

Quanto ao tamanho, para sementes maiores como, por exemplo, as das couves, da beterraba etc., pode-se pensar em colocar apenas uma semente em cada célula da bandeja. De qualquer forma, é recomendável semear um número um pouco maior do que aquele de mudas que se deseja obter, para o caso de haver alguma falha na germinação ou no pegamento das mudas. Nos envelopes de sementes constam informações sobre o poder germinativo e as datas de colheita e de validade. Após a semeadura, molhar com delicadeza e deixar as bandejas protegidas da ação direta do sol e da chuva, preferencialmente à meia-sombra.

A rega das bandejas deverá ser diária e, em casos de dias muito quentes, até mesmo duas ou três vezes ao dia. Para isso, pode-se utilizar um pequeno borrifador (500mL) ou um regador pequeno. Como as bandejas são frágeis e relativamente grandes, pode-se pensar em cortá-las em pedaços menores, que caibam dentro de uma pequena caixa de madeira (por exemplo, aquelas de uva ou outras menores). Isso facilitará o transporte e o manejo da bandeja. O ideal é que as bandejas em que foram semeadas fiquem suspensas para que os furos inferiores recebam claridade, de maneira que as mudinhas não desenvolvam raízes além dos furinhos (a claridade inibe o desenvolvimento das raízes das mudas). Após a semeadura (tanto em sementeiras quanto nas bandejas), recomenda-se guardar o restante das sementes em suas próprias embalagens, revestidas primeiramente por um saco de papel e depois por outro, de plástico, bem fechadas e no interior da geladeira (frio e escuro).

O transplante das mudas se dá, em geral, quando apresentarem (no caso de alfaces, almeirão, chicória e até mesmo couves) em torno de três a quatro folhas definitivas (sem contar aquelas duas primeiras que nascem, uma de cada lado). No caso de tomates, pimentões e berinjelas, o transplante será feito quando as plantas estiverem com aproximadamente 15 a 20cm de altura (no máximo).

Deve-se dar preferência para o transplante das mudas em dias nublados, antes ou logo após uma garoa. Caso tenha que ser feita essa operação num dia ensolarado, dar preferência para o final da tarde ou início da manhã (bem cedo), evitando- -se os horários mais quentes do dia. Tanto a bandeja quanto o canteiro onde as mudas serão transplantadas deverão ser bem molhados antes do transplante das mudas. Molhar a bandeja facilita a remoção das mudas e molhar a terra no canteiro favorece o pegamento delas. Terminado o transplante, molhar novamente e cobrir o terreno com palha, deixando-se expostas apenas as folhas das hortaliças. A palha irá manter o solo mais úmido, mas assim mesmo se recomenda molhar a terra durante toda a primeira semana após o transplante das mudas, caso não chova. Molhar com pouca água, somente na pequena área ocupada pela muda. Quando as mudinhas estão bem novas, suas raízes ocupam uma pequena porção de terra, então seria um desperdício de água molhar todo o canteiro, com mangueira, nessa fase. Use o regador, de preferência!

No caso da sementeira, deve-se molhá-la imediatamente antes do transplante e retirar as mudas com muito cuidado, com a ajuda de uma pazinha de mão, procurando levar a muda para o canteiro com o máximo de terra possível junto à raiz.

O espaçamento aproximado recomendável para as hortaliças folhosas (alfaces, almeirão, chicória etc.) é de 25 a 30cm entre plantas. A partir das bordas do canteiro até a primeira mudinha, deixar metade desse espaçamento. No caso de tomates, pepinos, berinjelas e couves (couve de folha, brócolis, couve flor e repolho), recomenda-se um espaço de 80cm entre cada planta.

Tanto a cenoura quanto o rabanete não aceitam o transplante, por isso devem ser semeados diretamente no canteiro, distribuindo-se as sementes em sulcos transversais de aproximadamente 2cm de profundidade, distanciados uns dos outros de 20 a 25cm. As sementes são assim distribuídas com parcimônia ao longo do sulco e depois cobertas com uma camada de terra fina peneirada (sem torrões). A beterraba e a rúcula aceitam ser transplantadas (podendo ser semeados em sementeiras ou bandejas), mas vão muito bem também na semeadura direta, como recomendado para cenoura e rabanete”. (Osmar Mosca Diz ([email protected]) – Engenheiro Agrônomo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Divisão de Extensão Rural – (Dextru/CDRS)

Informações: SP Notícia e Agricultura SP

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