Com o aumento da pandemia, o confinamento acentua ainda mais. É preciso ficar atento às atitudes das crianças e adolescentes. Com a nova realidade, eles estão ficando dentro de casa, sem brincar com amigos ou ir para a escola, além de estarem longe de seus parentes como avós e primos. Esse isolamento físico é de proteção, mas também é o fator importante para o aparecimento de transtornos psiquiátricos.

A pandemia impõe um sofrimento psíquico para todas as faixas etárias como explica o psiquiatra do Hospital Universitário, Dr Márcio Ueda. “Essa situação sem perspectiva do final traz uma incerteza do futuro, levando a um sentimento de desesperança e medo, como consequência não só a ansiedade, mas a depressão também”.

Do ponto de vista psiquiátrico, os transtornos mais comuns seriam: ansiedade, depressão, fobias, síndrome do pânico, transtorno alimentar, transtornos desadaptativos, estresse pós-traumático, transtorno de humor, déficit de atenção e hiperatividade, transtorno compulsivo (internet), transtorno do sono e aumento de tentativa de suicídio nos adolescentes.

Dr. Ueda salienta como identificar os transtornos nesses dias incertos. “Com a pandemia podemos identificar vários transtornos desadaptativos e disfuncionais desde o temor de ser contaminado pelo vírus, medo de sair de casa (Fear Of Going Out), mudanças de comportamentos dos mais diversos, além do retraimento social, alteração do padrão do sono, transtorno alimentar, irritabilidade, descontrole emocional, compulsão a jogos e filmes de internet”.

O psiquiatra ressalta que os noticiários e Fake News contribuem para causar mais ansiedade e angústia. “Cada criança reage respeitando sua faixa etária e suas peculiaridades. Por exemplo, a criança tende a ficar mais ansiosa, agitada e intolerante a contrariedade e o adolescente mais retraído ou mais rebelde, instável emocionalmente, irritado e com distúrbio do sono” fala o Dr.

Os responsáveis devem harmonizar o núcleo familiar para poder ajudar seu filho nesse período de mudanças e incertezas. “É preciso estabelecer rotinas e limites como fazer exercícios físicos, meditações, boa alimentação, horário de estudar, brincar e horário de dormir. Procurando largar o mundo virtual, propor brincadeiras mais lúdicas e mexer com horta também seria um bom recurso”, reforça ele.

Qualquer mudança de comportamento é preciso ficar atento e caso a situação persista é preciso procurar ajuda profissional como psiquiatras, psicólogas, psicopedagogas e terapeutas ocupacionais, além de ser preciso dar uma atenção especial aos pequenos e adolescentes com empatia e acolhimento, respeitando o amadurecimento psíquico e físico de cada etapa do desenvolvimento, pois eles serão os adultos de hoje!