A Prefeitura de Louveira e a Santa Casa estão utilizando um equipamento chamado cateter nasal de alto fluxo como trunfo para reduzir os casos de entubação durante o tratamento de pacientes com casos mais graves de covid-19. De acordo com a Secretaria de Saúde, os novos catéteres diminuem em até 90% a necessidade de entubação dos infectados que utilizam a tecnologia no momento correto.

Diferente dos catéteres convencionais – que ofertam fluxo de aproximadamente 10 litros de oxigênio por minuto – o novo equipamento pode alcançar fluxos de até 40 litros por minuto com velocidade de até 215km/h e fração inspirada de oxigênio de até 100%, parâmetros considerados adequados no tratamento dos casos mais graves, mas que poderão ser ajustados conforme o quadro de saúde de cada paciente.

“Na prática, o resultado é garantir que pacientes com quadros graves de covid-19 tenham uma alternativa não invasiva eficiente, anterior a entubação”, afirma o secretário de Saúde de Louveira, Eduardo Gomes de Menezes.

Geralmente utilizado em hospitais privados devido ao alto custo, cada unidade do cateter custa em média R$ 47 mil. Louveira é uma das poucas cidades no país que oferece esse equipamento para tratamentos pelo SUS.

“É um investimento elevado, mas não podemos poupar esforços quando o assunto é salvar vidas. Estamos muito felizes por termos condições de oferecer essa importante alternativa para os pacientes. Na nossa região, somente hospitais particulares fazem uso desta tecnologia”, afirma o secretário.

Cateter x entubações 

A utilização de catatéres nasais de alto fluxo surge como uma alternativa não invasiva que tem como objetivo diminuir as necessidades de entubações, que na maioria das vezes representam maior risco para os pacientes.

Na entubação, o tubo é inserido pela boca da pessoa e a extremidade é colocada na traqueia, o que causa uma sensação muito desconfortável para o paciente, com reflexos de náuseas, vômitos e dor. Por isso, o paciente é sedado imediatamente antes da entubação e permanece nesse estado durante a maior parte do tempo que estiver no respirador mecânico. O tempo necessário de entubação varia muito, de acordo com a gravidade do quadro. O uso prolongado da respiração artificial pode afetar a voz e a deglutição.

Segundo dados de estudo recentemente publicado pela BBC News Brasil, o percentual médio de mortes entre os infectados que precisaram de ventilação mecânica (entubação) entre fevereiro e dezembro de 2020 foi de aproximadamente 80%.

“Isso indica que 8 em cada 10 pacientes entubados morrem no hospital. Com a utilização do cateter de alto fluxo conseguiremos evitar boa parte das entubações e esperamos que, com isso, mais vidas sejam salvas. Sem sombra de dúvidas, esta é mais uma ferramenta importante ofertada aos pacientes graves e à equipe assistencial nessa verdadeira guerra da vida contra a morte”, ressalta Eduardo Gomes de Menezes.

Precision Flow 

O sistema adquirido em Louveira, conhecido como Precision Flow, é fabricado nos Estados Unidos e funciona através de uma cânula nasal conectada a um aparelho eletrônico que associa a oferta de alto fluxo de oxigênio a uma tecnologia que mantém a umidificação ideal para os pacientes, o que diminui o desconforto ao mesmo tempo que garante maior eficiência no combate a insuficiências respiratórias.

A utilização do cateter ocorre no momento em que o quadro clínico do paciente depende de oferta artificial de mais de 6 litros de oxigênio por minuto para manter a saturação mínima entre 90 e 96%, que é o nível adequado para o corpo humano.

Com a utilização do novo sistema, a Secretaria de Saúde espera diminuir o número de pacientes que precisam ser entubados e, consequentemente, garantir maiores chances de sobrevivência para os que desenvolvem quadros graves da doença.

Inicialmente, três equipamentos foram adquiridos pela Santa Casa. A Prefeitura encomendou e aguarda a chegada de mais três.