Voltada para conscientização das pessoas sobre a leucemia e a importância da doação de medula óssea, a campanha “Fevereiro Laranja” alerta para o tratamento precoce de um dos tipos mais agressivos de câncer. De acordo com estudos do Instituto Nacional de Câncer (InCA), para cada ano do triênio 2020-2022, serão diagnosticados, no Brasil, mais de 10 mil casos novos de leucemia. Dividida em dois grandes grupos, o tratamento da doença deve ser iniciado imediatamente devido a rapidez com que a patologia evolui.

“A leucemia pode ser crônica ou aguda. A primeira é mais comum em pacientes de idade avançada. Sem sintomas, é diagnosticada a partir de um exame laboratorial, além de, na maior parte das vezes, não precisar de nenhum tratamento especifico no primeiro momento. Já a leucemia aguda é rara em idosos, sendo característica na infância ou no adulto jovem. Os sintomas são extremamente rápidos e relacionados a falta de células no sangue, como anemia aguda e sangramentos. Esse tipo de leucemia é bem grave e o diagnóstico inicial se dá por meio do hemograma”, explica o médico oncologista do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Dr. Arthur Maia Filho.

O profissional ainda esclarece que tanto o grupo crônico quanto o agudo não possuem indicativos hereditários. “Não é herdado de pai para filho, por exemplo. A exposição pessoal também não é um fator incidente no Brasil, já que não temos casos importantes de acidentes nucleares ou com radiação no país, a não ser um acidente com o Césio-137 registrado em Goiânia em 1987. Em outros países isso é mais relevante, então as pessoas que tiveram contato com a radiação possuem uma chance aumentada de ter leucemia durante a vida, mas são casos muito específicos. Não temos um fator de risco significativo”.
Infelizmente, não existe prevenção para leucemia. Embora o diagnóstico possa ser feito de uma maneira simples, não há indicação para realização de exames anuais. Nos casos agudos, a evolução é tão rápida que um hemograma feito há 30 dias não impede que a pessoa desenvolva a leucemia hoje. “É complicado, pois quando detectada, a leucemia já está em um estágio muito crítico. O paciente apresenta uma piora significativa e corre um grande risco de vida”, conta o especialista.
No geral, o tratamento da leucemia aguda é realizado por meio da quimioterapia de indução, seguido de transplante de medula. A leucemia crônica, quando precisa ser tratada, também utiliza a quimioterapia como tratamento. A taxa de cura é alta, mas o que mais preocupa os especialistas são as sequelas do procedimento. “O paciente que fez o transplante alogênico irá precisar de imunossupressores, terá efeitos crônicos e do próprio tratamento, entre outras consequências. A chance de cura é grande, mas a chance de ter uma vida sem nenhuma sequela, é zero”, ressalta Dr. Arthur.

Câncer Infantil

Se nos adultos o enfretamento do câncer já é desafiador, para as crianças os cuidados são bem maiores e mais intensos. “As crianças possuem uma tendência maior do que os adultos para desenvolverem neoplasias mais agressivas. Porém, os pequenos contam com uma característica muito especial, a tolerância. Os protocolos são diferentes, pois o adulto não suporta a mesma agressividade de tratamento. Há um acréscimo de algumas outras drogas e, por isso, conseguimos uma taxa de cura maior na criança”, explica o médico.

Os principais cânceres infantis são o retinoblastoma, conhecido como tumor de fundo de olho da retina, as neoplasias dermatológicas, a leucemia aguda e um tipo de tumor de rim chamado tumor de Wilms. Para cada tipo de neoplasia, um tratamento é indicado, sendo a quimioterapia, cirurgia e radioterapia. Os sintomas normalmente são clínicos, como dores abdominais ou dor ocular. É importante sempre manter a rotina com o médico pediatra, somente desta forma será possível realizar o diagnóstico precoce.