A supremacia da Honda no mais difícil rali do planeta, o Dakar, foi indiscutível nos últimos dois anos, 2020 e 2021, quando as motos do HRC – Honda Racing Corporation – dominaram a mais difícil competição do planeta.

Em 2021 a Honda obteve a dobradinha, colocando no 1º e 2º lugar os pilotos do Monster Energy Honda Team Kevin Benavides e Ricky Brabec. No total, as motocicletas Honda venceram dez das doze etapas do rali, conseguindo um total de 23 pódios em dentre os 36 possíveis.

Em 2020, ano da primeira vitória da Honda CRF 450 Rally no Dakar com Ricky Brabec, foram seis vitórias em doze etapas e 16 pódios no total.

Por trás destes sucessos está a CRF 450 Rally, um protótipo especialmente construído no HRC para este tipo de competição, derivado das Honda CRF 450 de normal produção.

Em virtude das características específicas do Rally Dakar, no qual os pilotos devem percorrer entre 500 e 800 km diários, a maioria deles “mão no fundo”, as adaptações na Honda CRF 450 foram bem além do que uma simples ampliação da capacidade do tanque de combustível ou instalação de equipamentos de navegação. Veja quais as principais características da bicampeã do Dakar, a Honda CRF 450 Rally:

MOTOR – A principal diferença está no cabeçote, que na CRF 450 Rally é um DOHC enquanto nas CRF 450 de normal venda ao público a tecnologia utilizada é a Unicam. Outra diferença está nas medidas de diâmetro do pistão, 1 mm maior na máquina que compete no Dakar, enquanto o curso é 1,3 mm menor, o que não altera a capacidade cúbica, sempre de 449cc. A potência máxima da CRF 450 Rally não é declarada, mas supera os 62 cv declarados na CRF 450R de motocross. A alimentação da CRF 450 Rally é pelo sistema PGM-FI.

CÂMBIO – A CRF 450 Rally usa o câmbio de seis marchas que equipa a CRF 450X de série, no entanto a embreagem é uma FCC, mais reforçada em função do maior peso da moto usada no Dakar.

SUSPENSÕES – A marca Showa está presente na moto de série e também na CRF 450 Rally usada no Dakar, porém esta tem um acerto voltado a absorver melhor o maior peso. A dianteira tem 51 mm de diâmetro e 310 mm de curso. Na traseira, o monoamortecedor tem 305 mm de curso, 10 mm a menos que na moto de série.

FREIOS – O disco dianteiro da CRF 450 Rally tem 300 mm de diâmetro em vez de 260 mm da versão de produção. Na traseira, o disco é igual em ambas, com 240 mm. As pinças são Nissin, tanto na moto usada no Dakar quanto na de normal venda ao público.

CHASSI – A arquitetura dupla trave de alumínio é a mesma, mas muda o subchassi traseiro, que nas CRF 450 de série é de alumínio enquanto na CRF 450 Rally é de fibra de carbono, mesmo material que é usado na carenagem e no protetor de cárter, que abriga 3 litros de água potável exigidos pela organização do Dakar.

TANQUES – O material é o plástico reforçado com fibra de carbono. Na dianteira os tanques são dois, um de cada lado, enquanto atrás há um tanque único. A soma das capacidades dos três tanques é de 34 litros, o máximo permitido pelo regulamento.

E MAIS… Na Honda CRF 450 Rally as rodas são DID DirtStar ST-X aro 21 na frente e 18 atrás, calçadas com os pneus Michelin Desert 90/90 e 140/80 com o Bib Mousse, espuma que substitui a câmera de ar. Outas diferenças são as pedaleiras mais largas e reforçadas, e todo o aparato de navegação montado em uma torre diante do piloto. O peso estimado da Honda CRF 450 Rally na hora da largada, com tanques cheios, é de mais de 160 kg, cifra superior aos 110 kg declarados para a CRF 450R de motocross, mas mesmo assim surpreendentemente baixa em virtude do extenso uso de liga-leve, componentes em fibra de carbono e, claro, muita engenhosidade e tecnologia.