O mês de fevereiro é repleto de datas voltadas ao combate do câncer e de seus mais diversos tipos. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença é a segunda principal causa de morte no mundo. De acordo com a mais recente estimativa mundial, realizada no ano de 2018, foram registrados 18 milhões de novos casos. Independente do tumor, o diagnóstico precoce pode alterar completamente o destino de milhares de pessoas, evitando que os casos evoluam e se tornem irreversíveis.

Celebrados em dias seguidos, o Dia Mundial do Câncer em 4 de fevereiro e o Dia Nacional da Mamografia, principal exame para detecção do câncer de mama, no dia 5. O médico oncologista do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Dr. Arthur Maia Filho, explica que as ações voltadas para a conscientização são grandes aliadas na luta contra o câncer. “Essas datas nos ajudam muito. Percebemos que esses dias específicos se multiplicaram nos últimos 20 anos, exatamente pela necessidade dos diálogos sobre cada assunto. O diagnóstico precoce da maioria das doenças e neoplasias, geram um impacto muito grande, não somente na curabilidade da doença, como na quantidade de sequelas que a patologia pode deixar”.

Segundo o profissional, ainda que a rede pública de saúde disponibilize exames de mamografia de forma gratuita, a procura ainda é consideravelmente baixa. “Precisamos estimular a população, lembrá-los sobre as unidades de saúde disponíveis e ressaltar a importância do acompanhamento médico de rotina. Em algumas situações, os exames de mamografia chegam a sobrar nos serviços de saúde. É um dado triste, já que entre 10% a 20% das mulheres irão desenvolver a doença ao longo da vida”, lamenta o médico.

Entre os tipos de câncer mais comuns tratados na unidade de quimioterapia do HSV, estão o câncer de mama, com 246 pacientes tratando atualmente; câncer de cólon, com 168 usuários; e 102 pacientes lutando contra o câncer de pulmão. Na radioterapia, o câncer de mama também aparece em primeiro lugar, com 13 pacientes, seguido do câncer de próstata, onde 12 usuários são atendimentos atualmente e o câncer de cabeça e pescoço, com 10 pacientes.

Recentemente, o HSV divulgou o aumento da produtividade da oncologia, apontando um crescimento no número anual de pacientes atendidos nos setores, que foi da ordem de 13%. Em 2020 foram atendidos 6.956 e em 2021 foram 7.864 pacientes. Ainda que o número seja elevado, a taxa de cura é alta.

“Hoje, com a tecnologia, conseguimos atingir níveis altos de cura e, por isso, o foco dos estudos médicos atualmente têm sido as consequências e a qualidade de vida desses pacientes após o tratamento. Buscamos minimizar os efeitos desse processo a longo prazo para que, quando o paciente termine sua terapia, possa ter uma rotina mais próxima do que era antes da doença. Sabemos que nem sempre será possível, mas nosso papel é encontrar alternativas científicas seguras e que auxiliem na recuperação dos usuários”, frisa Dr. Arthur.

O câncer pode causar problemas cardíacos, problemas pulmonares, problemas com nervos, medula óssea e cérebro, dificuldade de aprendizagem, memória e concentração, além de sequelas cirúrgicas. A atuação de equipes multidisciplinares como a fisioterapia e a psicologia, são fundamentais no processo de reabilitação. No HSV, iniciativas humanizadas complementam o tratamento médico, como por exemplo, a criação do manual dietoterápico, com orientações exclusivas para boa alimentação dos pacientes, oferecem conforto e suporte, mesmo após a alta.