Ganhar na loteria é o sonho de muitos brasileiros. O sorteio da Mega Sena da Virada deste ano vai oferecer o maior prêmio da história do concurso — R$ 450 milhões ao vencedor, de acordo com a Caixa Econômica Federal. As chances de alguém ganhar no jogo, com uma única aposta com seis números, é de 1 em 50 milhões. A possibilidade de se tornar milionário por meio de uma aposta pode não ser racional e especialistas alertam para sinais de problemas.

De acordo com o coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, professor Eduardo Pedroso, a motivação por trás da compra de bilhetes está relacionada com a dificuldade em entender o quão improvável seria a vitória. “Com chances tão remotas, o jogador cria expectativas com base na fé. Isso acontece, principalmente, com pessoas que vivem realidades desafiadoras”, avalia.

Outro fenômeno observado nos casos de loteria é o da adaptação hedônica, também conhecida como esteira hedônica (hedonic treadmill). O termo se refere à tendência natural de retornar, rapidamente, ao estado comum de felicidade após mudanças extremas na vida, tanto positivas quanto negativas. Com isso, espera-se que os vencedores não reconheçam pontos significativos do evento a longo prazo.

Por outro lado, estudos apontam que existe correlação entre riqueza e felicidade. Em pesquisa divulgada em 2018 pela Universidade de Estocolmo e pela Universidade de Nova York, que ouviu diferentes ganhadores de 100 mil dólares em sorteios, o dinheiro tem efeitos positivos na estabilidade emocional. Os vencedores consideraram que vivem vidas satisfatórias, por, pelo menos, mais de 10 anos após o prêmio.

A questão envolvendo o bem-estar emocional se torna um problema, de acordo com o acadêmico da Anhanguera, quando o indivíduo acredita que a fortuna é o único caminho para melhorar o bem-estar emocional. “O poder financeiro traz benefícios, mas não consegue dar conta de diferentes frentes da vida real. Se uma pessoa não está feliz hoje, é preciso entender essas emoções e buscar apoio de um profissional qualificado”, alerta o professor da Anhanguera.

 

Foto: Agência Brasil