O jovem David Ochi de Jesus, de 15 anos, viu a pandemia de covid-19 impactar a renda de sua família e decidiu ajudar através de seu talento com desenhos.

Ao perceber a dificuldade de acompanhar o ensino remoto por conta da residência ter só um computador para ele e outros quatro irmãos, o jovem, morador de Louveira (SP), começou a vender, na internet, desenhos feitos à mão para conseguir comprar um celular e manter as aulas à distância.

Sem nunca ter feito nenhum curso especializado, David, que é aluno de uma escola pública do município do interior de São Paulo, desenha desde os 6 anos e sonha em se tornar artista profissional. Uma das inspirações para as obras é a própria tia, desenhista, tatuadora e incentivadora do garoto a seguir a mesma profissão. “Eu pretendo avançar mais no desenho tipo mais para o lado do realismo”, disse.

A ideia de vender as ilustrações feitas por ele surgiu após o adolescente ver um vídeo na internet de um menino no Rio Grande do Sul que começou a colocar os desenhos no portão de casa. Em um primeiro momento, o estudante disse à mãe que usaria o dinheiro para ajudar na compra de itens para a casa. No entanto, Dayane Ochi dos Santos, de 32 anos, que está desempregada, não permitiu o envolvimento do jovem nas despesas.

“A primeira vez que ele me pediu eu falei que não, eu achava que não ia progredir tanto. Depois eu deixei [vender os desenhos], porém não estou deixando ele usar o dinheiro dentro de casa. Ele está investindo nele mesmo, no futuro dele e sonhos. […] Não pretendo usar nada, só se apertar as coisas mesmo e pretendo repor o dinheiro que for gasto se isso acontecer”, explicou a mãe.

A família de sete pessoas mora no bairro Monterrey e, no momento, conta apenas com a renda do pai, que é motorista de caminhão de lixo. Há uma semana, Dayane começou a postar os desenhos do filho em grupos na internet e já vendeu quatro ilustrações, inclusive para pessoas de outras cidades. O desafio, agora, é conseguir viabilizar o transporte para entregar as obras

“Estou usando meu cartão do ônibus que eu ainda tenho crédito, mas infelizmente quando acabar vou precisar pegar um pouco do dinheirinho dele e ir pagando a passagem de ônibus”, afirmou.

Tipos de desenhos e poupança

Entre as ilustrações feitas pelo jovem, estão personagens de anime (animações japonesas), e super-heróis. A criação surge exatamente da paixão por assistir desenhos animados. Ainda sem um celular próprio, David empresta o aparelho da mãe para pegar as referências. “Eu vejo os desenhos no celular da minha mãe, coloco o celular do lado da folha e vou pesquisando”, contou o artista.

A mãe de David pretende ainda abrir uma poupança para guardar todo o dinheiro arrecadado com as vendas dos desenhos para que o filho possa investir em seu futuro. “Futuramente eu quero abrir uma conta para ele no banco, porque a partir dos 16 anos ele pode usar a conta com a minha autorização e a partir dos 18 anos ele pode usar a conta”, revelou Dayane.

Fonte: G1